Atos falhos: porque a psicanálise se interessa por eles

 

    Você já ouviu falar em ato falho?

    Ato falho é quando falamos algo por engano, ou escrevemos uma palavra e não sabemos da onde ela saiu porque não se conecta ao texto ao qual estavamos trabalhando, ou chamamos alguém por outro nome...entre outros exemplos o ato falho é quando algo saiu do planejado, escapou. Mas, sabemos que na psicanálise tudo tem um sentido, com os atos falhos não seria diferente. 

    Freud demonstrou que ao fazer com que o analisando pensasse mais sobre a falha, esta se conectava com a trama complicada e complexa das pulsões ou desejos inconscientes do analisando. O ato falho conseguiu escapar da censura, escapou ao recalque, ao invés de permanecer no inconsciente, achou expressão através das palavras e nos trouxe pistas sobre os desejos do sujeito. Pistas que devem ser exploradas junto ao analisando.

    Quero lembrar que a análise de atos falhos e sonhos só faz sentido no contexto analítico. Isso mesmo! Analisar o coleguinha não é uma boa ideia. Você corre o risco muito grande de errar em sua interpretação e entendimento do outro porque o analista leva em consideração um conjunto de fatores que ocorrem somente durante a análise para fazer uma interpretação. Fazer uma interpretação do outro somente com base em uma fala ou ato é chamada de psicanálise selvagem e não traz benefício para nenhum dos envolvidos. 

Tamires Moreira

Psicóloga e Psicanalista

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