Qual a importância do diagnóstico na Psicanálise?

 



    Hoje vamos falar sobre um tema bastante importante: o diagnóstico. É muito comum o analisando chegar ao psicanalista já diagnosticado. A pessoa chega na análise e diz: "Vim fazer análise porque tenho Transtorno de Personalidade Bipolar". Citei o transtorno bipolar por ser bastante recorrente na clínica. 
    Observo que muitas pessoas tem a crença de que precisam do diagnóstico para buscar algum tipo de terapia, ou dão muita importância a esse rótulo, vestindo a camisa da pessoa mentalmente doente. E a psicanálise, o que acha sobre isso? 
 Na Psicanálise não usamos os termos psiquiátricos como transtorno de... síndrome de... A psicanálise tem sua nomenclatura própria  mas já adianto que essa nomenclatura não visa rotular o sujeito mas nomear processos e estruturas psíquicas. 
    Para a Psicanálise esses termos não são tão importantes quanto são para a psiquiatria. O psicanalista necessita entender de onde vem o sintoma de seu analisando, quando ele iniciou e o que faz com que ele se repita. Essas questões são diferentes para cada pessoa, todas tem suas particularidades e é impossível prever o que iniciou um sintoma de origem psíquica pelo nome de um transtorno. 
    Mas então o diagnóstico não é importante? Acho que a pergunta correta seria: para quem o diagnóstico é importante? Diagnosticar é importante para o médico psiquiatra por exemplo, que precisa do diagnóstico para receitar o remédio. Em alguns casos como o autismo, o diagnóstico logo no início pode facilitar o tratamento e a atenuação dos sintomas a longo prazo. O que quero dizer é que na análise vamos tratar seu problema de uma outra forma, diferente do modelo médico: diagnóstico-remédio-cura. 
       É sempre mais cômodo quando pensamos que podemos achar a resposta e solução de nossos problemas no índice de um livro, no rótulo que nos colocam. A verdade é que para a análise funcionar o analisando tem que se implicar no processo, pensar sobre si, sofrer e relembrar coisas das quais gostaria de fingir que não aconteceram. O processo é longo e dolorido, mas é real e eficiente. 


Tamires Moreira
Psicóloga e Psicanalista
16 99617 9482

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